EXPOSIÇÃO APRESENTA IMPACTOS E CONTRADIÇÕES DAS CONSTRUÇÕES BRASILEIRAS NA DITADURA CIVIL-MILITAR

O Centro MariAntonia da USP inaugura, no dia 19 de março, às 19 horas, a exposição Paisagem e Poder: construções do Brasil na ditadura, mostra documental que utiliza diversos suportes, e tem o objetivo de pensar o ambiente construído no período da ditadura brasileira, que durou 21 anos.

O Centro MariAntonia da USP inaugura, no dia 19 de março, às 19 horas, a exposição Paisagem e Poder: construções do Brasil na ditadura, mostra documental que utiliza diversos suportes, e tem o objetivo de pensar o ambiente construído no período da ditadura brasileira, que durou 21 anos. A curadoria é dos arquitetos Paula Dedecca, Victor Próspero, João Fiammenghi, Magaly Pulhez, e José Lira. A entrada é gratuita.

A mostra procura refletir sobre as complexas e intensas transformações do território nacional em suas diversas escalas entre 1964 e 1985, a partir de documentação da época e material audiovisual. Para os curadores, muito do que vemos ao nosso redor foi construído durante o regime militar. O espaço se transformou profundamente de conjuntos residenciais à expansão das periferias urbanas, das estradas e barragens construídas nos quatro cantos do país a viadutos e avenidas presentes nas metrópoles, de edifícios modernos icônicos a estruturas espaciais ordinárias, da destruição das marcas da história à construção das cidades novas pelo território nacional. A exposição busca apresentar um panorama de transformações radicais na paisagem brasileira durante o período, refletindo sobre suas contradições e seus impactos sociais e ambientais.

Promovida com recursos do Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAc) do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria da Cultura e Economia Criativa, a mostra se apoia sobretudo em registros audiovisuais de época, como reportagens, fotografias, filmes, desenhos e diapositivos, contando também com documentos e cadernos técnicos de planos do período. Este vasto material resulta de pesquisas em diversos Arquivos Públicos e coleções institucionais e privadas.

Os eixos principais da temática exposta conformam um percurso por planos de dimensão territorial, práticas extrativistas, grandes empreendimentos hidrelétricos, obras de infraestruturas metropolitanas e rodoviárias, assim como pelo processo de urbanização massiva pelo qual passaram as capitais em todo o país. Os curadores compreendem tais eixos como dinâmicas entrelaçadas, e testemunhos de um elemento fundamental da construção e reprodução daquele regime autoritário. A reflexão sobre o ambiente construído em que vivemos enquanto documento da história política recente vem a somar com os esforços de luta por memória, verdade e justiça, adicionando camadas para a compreensão de um período sombrio do país.

Programação paralela

Até junho, haverá uma programação paralela, gratuita e abertas ao público:

Mesas de debate com temáticas relacionadas à exposição e à historiografia da arquitetura, do urbanismo e da paisagem no período 1964-1985;

Ciclo de exibição de filmes, seguidos de debates com os curadores e convidados

Curso de difusão “Paisagem e poder”, ministrado pelos curadores.

Quem são os curadores

Magaly Pulhez é professora adjunta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Arquiteta e urbanista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, mestre e doutora em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), é pesquisadora associada do Centro de Estudos da Metrópole (CEM/CEPID/FAPESP), onde concluiu pós-doutorado com trabalho sobre instituições e burocracias estatais que operam a política habitacional em São Paulo, com financiamento da FAPESP. É líder do grupo de pesquisa Transborda – Estudos da Urbanização Crítica (CNPq/Unifesp), além de ter organizado a edição e publicação de revistas científicas e livros.

Paula Dedecca é professora de História da Arquitetura na Associação Escola da Cidade (AEC-SP). Arquiteta e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, concluiu mestrado e doutorado pela mesma instituição. É autora de artigos e capítulos de livros que discutem o campo profissional e a crítica da arquitetura e do urbanismo no Brasil a partir de suas instituições e de suas interlocuções com o Estado e a sociedade civil nos anos de 1950 aos anos de 1970.

Victor Próspero é arquiteto e urbanista pela FAU-USP, doutor pela mesma instituição, com apoio FAPESP, e foco nas relações entre o campo profissional da arquitetura e o regime militar. Foi pesquisador visitante Fulbright na Universidade de Harvard. Atualmente é professor no Instituto Mauá de Tecnologia, atua junto a coletivos do bairro do Bixiga pela preservação do patrimônio cultural e ambiental, e é 2o Vice-Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em São Paulo.

João Fiammenghi é arquiteto e urbanista pela FAU-USP. Atualmente desenvolve doutorado na área de concentração em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo da FAU-USP com o apoio da FAPESP.

José Lira é professor titular da FAU-USP e diretor do Centro MariAntonia da USP. Foi professor visitante da Universidade de Princeton (2022/2023). Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e em Filosofia pela USP, é doutor pela FAU-USP e livre-docente pela mesma instituição. Realizou pesquisas de pós-doutorado na Graduate School of Architecture, Planning and Preservation em Columbia University (EUA) e, em 2015, na École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-Malaquais (França). Dirigiu, entre 2010 e 2014, o Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC-USP), atuando em distintos projetos e programas de Cultura e Extensão Universitárias, nas áreas de cultura, patrimônio cultural, memória, acervos e museus universitários. Foi pesquisador bolsista em Produtividade de Pesquisa do CNPq entre 1999 e 2014. Suas pesquisas se concentram nas áreas de história, historiografia e crítica de arquitetura e urbanismo, com ênfase nas relações entre discurso disciplinar e prática profissional, condições da produção especializada e campo cultural e do pensamento social no Brasil; arquitetura, gênero e sexualidade. É consultor ad-hoc do CNPq e da e FAPESP, editor da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, da Anpur, editou a Revista CPC e integra o conselho editorial das revistas Risco (IAU-USP) e Redobra (UFBA). É autor e organizador de livros.

Serviço

Exposição Paisagem e Poder: construções do Brasil na ditadura

Abertura 19 de março – a partir das 19 horas

Onde | Centro MariAntonia – Edifício Joaquim Nabuco – Rua Maria Antônia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)

Quando | De 19 de março a 30 de junho de 2024

Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas

Quanto | Grátis

Informações | (11) 3123-5202

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