O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo (IABsp) manifesta seu interesse e disposição para dialogar sobre as intervenções que têm sido realizadas no CAIC Vale do Sol, em Araraquara, edificação que segue a tipologia arquitetônica do arquiteto João Filgueiras Lima, também conhecido como Lelé, e sua equipe.
O Projeto CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente) do Ministério da Educação, corresponde a uma proposta de tipologia arquitetônica de aplicação de argamassa armada para a construção de escolas e um sistema construtivo pré-moldado, a partir da definição de um modelo único tipológico para todo o Brasil.
Esse modelo construtivo representa um sistema tecnológico novo, rápido e industrializado para a execução das unidades, com uma linguagem arquitetônica evidenciada na composição do conjunto. Essa proposta considera a necessidade do baixo custo da construção, e a adoção de um partido com diversos dispositivos que buscam proporcionar conforto aos usuários, tais como, ventilação, iluminação e ruído.
No entanto, a equipe de Lelé, idealizadora do projeto, após a participação na execução de dois protótipos e da elaboração dos projetos, que foram posteriormente modificados, retirou-se do projeto, realizando críticas sobre a qualidade das construções das edificações executadas. Vale salientar que, para a aplicação desse modelo tipológico previsto, era necessária a adaptação do sistema construtivo às questões climáticas de cada local, com uma adequação ao tempo de moldagem das peças.
Essas adequações são típicas de sistemas construtivos inovadores, que buscam implementar novos sistemas tecnológicos no canteiro de obras, e que estão sujeitos a revisões e análises de desempenho da edificação. E, embora os projetos das tipologias tenham sido modificados, alguns elementos das obras construídas podem ser considerados importantes aspectos compositivos e representativos de uma linguagem arquitetônica singular, de grande importância para a arquitetura brasileira.
Assim, embora o Lelé e sua equipe não tenham sido responsáveis pela execução do CAIC Vale do Sol, devido a sua saída do Programa e de Assessoria ao Governo Collor, é possível evidenciar uma tipologia particular nesta obra, constituinte do conjunto das obras dos CAICs no Brasil, e que seguiram o modelo tipológico original, com algumas alterações de seu projeto e sistema construtivo.
Ressaltamos a importância nesta obra do conjunto do ginásio, das unidades de salas de atividades e da administração que representam uma linguagem que se assemelha a uma mesma tipologia e a proposta original. Também é importante reforçar a preocupação social do arquiteto e sua equipe, na concepção original que rege a implantação de todas as obras, em oferecer uma arquitetura e urbanismo de qualidade para áreas periféricas, muitas vezes com infraestrutura deficiente, carentes de equipamentos públicos urbanos de educação, cultura, e saúde, e de referenciais de obras de qualidade do espaço físico construído e a baixo custo de produção.
Observamos uma ausência de sensibilidade na intervenção que vem sendo realizada, e que os problemas existentes de infiltração poderiam ser solucionados sem ocasionar uma descaracterização construtiva, como a que constatamos que tem sido executada. E, salientamos a importância de uma investigação criteriosa na busca por melhores soluções construtivas, e por uma metodologia de intervenção mais coerente e adequada ao conjunto da obra edificada, e que as soluções encontradas sejam discutidas conjuntamente a profissionais arquitetos e urbanistas e aos Conselhos Municipais Participativos da cidade de Araraquara.
Desse modo, manifestamos nossa disposição em contribuir nas ações de valorização dessa produção arquitetônica e desses equipamentos, e nosso interesse por dialogar sobre as intervenções necessárias no complexo CAIC na cidade de Araraquara.
A Diretoria
IABsp
