Extremos Urbanos: Geogovernança, Justiça Climática e os Limites Ontológicos da Legislação Urbanística

Data: 09, 16, 23 e 30 de setembro e 7 de outubro de 2025
Local: Rua Bento Freitas, 306 4º andar – Vila Buarque, São Paulo
Horário: 19h às 21h
Investimento: CURSO GRATUITO
Formato: Presencial
Carga horária: 10h
Vagas: 40

EMENTA:
Torna-se incontestável que vivemos em uma era marcada por extremos — climáticos, sociais, políticos e éticos — que colocam em xeque os paradigmas do urbanismo tradicional, revelando suas limitações tanto técnicas quanto ontológicas. Este curso propõe uma reflexão crítica sobre os alicerces que fundamentam o urbanismo moderno, examinando como instrumentos legais, tecnologias e constructos teóricos conformam — e frequentemente restringem — o desenvolvimento de nossas cidades.

Organizado em cinco módulos sequenciais, o curso avança desde uma desconstrução dos pressupostos modernos até a proposição de alternativas ético-políticas fundamentadas, com o objetivo de fomentar práticas urbanísticas mais justas, resilientes e ambientalmente responsáveis. A estrutura modular permite uma progressão analítica que parte da crítica ontológica (Módulo 0), passa pela avaliação das vulnerabilidades urbanas e da justiça climática (Módulo 1), pela análise dos instrumentos de planejamento (Módulo 2) e pelos desafios da governança contemporânea (Módulo 3), culminando na elaboração coletiva de diretrizes para uma nova práxis urbanística (Módulo 4).

A metodologia combina exposições teóricas com exercícios práticos de cartografia crítica e produção colaborativa, estabelecendo um diálogo constante entre reflexão conceitual e aplicação concreta. O curso está ancorado em referenciais teóricos contemporâneos, incluindo contribuições de Timothy Morton, Bruno Latour, Ermínia Maricato e Raquel Rolnik, entre outros.

METODOLOGIA:
O curso adota uma abordagem teórico-prática, combinando exposições dialogadas com atividades colaborativas. Cada módulo inicia com uma contextualização conceitual, seguida de debates críticos baseados em textos selecionados e estudos de caso. A aprendizagem é enriquecida por exercícios de cartografia conceitual, análises de legislação urbana e dinâmicas de grupo que estimulam a reflexão coletiva.

A metodologia privilegia a interdisciplinaridade, articulando filosofia, política urbana e estudos climáticos. No módulo final, os participantes trabalharão na elaboração conjunta de um manifesto, sintetizando as discussões em propostas concretas para um urbanismo alternativo. A avaliação será processual, considerando a participação nos debates e a contribuição para os trabalhos em grupo.

OBJETIVOS:
Objetivos de aprendizagem: i) Desenvolver uma compreensão crítica dos limites do urbanismo convencional; ii) Capacitar para a análise dos desafios urbanos contemporâneos sob múltiplas perspectivas; iii) Formular propostas alternativas de intervenção urbana fundamentadas teoricamente; iv) Fomentar o diálogo interdisciplinar entre teoria e prática urbanística.

EIXO TEMÁTICO DA 14ª BIAsp:
Garantir a justiça climática e habitação social

Ministrante

Evandro Albiach Branco e Andrea Oliveira da Silva

CONHEÇA OS MINISTRANTES:

Evandro Albiach Branco. Arquiteto e Urbanista. Gestor Ambiental. Mestre em Modelagem de Sistemas Complexos (USP). Doutor em Ciência Ambiental (USP). Pesquisador do INPE. Coordenador do Programa de Síntese em Ciência do Sistema Terrestre/INPE. Coordenador do Programa MonitoraEA/INPE. Atua nos temas de análise de políticas públicas socioambientais, governança ambiental e capacidade adaptativa.

Andrea Oliveira da Silva. Arquiteta e Urbanista. Especialista em Direito Urbanístico e Ambiental (PUC Minas) e em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano (UCAM). Mestra e Doutora em Engenharia Urbana (UFSCar). Possui experiência em projetos, licenciamento e planejamento urbano, com foco em legislação urbanística, sustentabilidade urbana e gestão de cidades com TIC.

Lattes:
https://lattes.cnpq.br/7492853195439690
https://lattes.cnpq.br/4381590244041179

Programação aula a aula

CONTEÚDO DOS ENCONTROS:

Aula 01 – Enclausuramentos modernos e o “urbanismo do vale insólito”

Objetivo: Refletir sobre os limites da metafísica moderna na constituição do urbanismo e apresentar propostas ontológicas alternativas.

Conteúdos:

  • Ontologia moderna e a bifurcação natureza/cultura.
  • Ontologia orientada a objetos (OOO) e dark ecology (Morton).
  • Aprofundando o vale insólito: o papel do arquiteto na construção do colapso.
  • Proposições de Latour (agências não-humanas), Morton (malha), Ingold (linha e lugar) e Jacobs (cidade viva) para esta nova metafísica urbanística.

Atividades: exposição dialogada, discussão guiada com base em trechos selecionados e grupos de trabalho para cartografar exemplos do urbanismo do vale insólito.

 

Aula 02 – Cidades em Colapso: o Direito à Cidade em Tempos de Extremos

Objetivo: Compreender como os extremos climáticos expõem as vulnerabilidades urbanas e aprofundar o conceito de justiça climática.

Conteúdos:

– O que são eventos climáticos extremos e como afetam as cidades.

– Injustiça territorial e climática: relações entre território, risco e vulnerabilidade.

– Conceito de justiça climática aplicado ao espaço urbano.

– O papel das políticas públicas e do planejamento urbano na reprodução de desigualdades.

Atividades:

– Mapa coletivo de percepções sobre vulnerabilidades e desigualdades urbanas frente ao clima.

Aula 03 – O que dizem (e o que silenciam) as Leis Urbanísticas?

Objetivo: Analisar criticamente os instrumentos de planejamento urbano à luz das mudanças climáticas.

Conteúdos:

– Estatuto da Cidade, Planos Diretores, zoneamento e suas contradições.

– Silêncios legais frente à crise climática e ambiental.

– Técnicas e normas como reprodutoras de desigualdades.

– O licenciamento urbanístico e a lógica do “mínimo legal”.

Atividades:

– Leitura de fragmentos de legislações reais (com recortes temáticos).

– Grupos de análise crítica: o que falta? O que está ultrapassado?

– Breve exercício de “releitura” de dispositivos urbanos sob a lente da justiça climática.

Aula 04 – Geogovernança e Democracia Climática: para além da técnica

Objetivo: Discutir como tecnologias, dados e redes colaborativas podem ampliar a ação democrática e climática nas cidades.

Conteúdos:

– O conceito de geogovernança: articulação entre dados, território e participação.

– Governança algorítmica vs. governança situada.

– Plataformas digitais e riscos de tecnocratização.

– O papel dos mapas, da cartografia social e da escuta territorial.

Atividades:

– Discussão sobre exemplos de plataformas participativas e tecnologias urbanas.

– Exercício coletivo de imaginação: que formas de governança urbana poderiam emergir da escuta ampliada de humanos e não-humanos?

Aula 05 – Reconstruir, Ressignificar ou Repetir? Por um Manifesto Urbanístico Climático

Objetivo: Retomar os fundamentos discutidos no Módulo 1 para imaginar uma novos parâmetros para uma legislação urbana crítica, inclusiva e climaticamente justa.

Conteúdos:

– Retorno aos pressupostos: rompemos com a ontologia moderna?

– É possível uma legislação que inclua a complexidade da vida e dos sistemas vivos?

– Recomposições entre ciência, técnica e filosofia no urbanismo.

– Da crítica à proposição: princípios para uma urbanização pós-extremos.

Atividades:

– Sistematização coletiva: esboço de um manifesto legislativo climático.

– Apresentação e debate aberto: “ruptura ou reiteração?”

– Fechamento com leitura colaborativa e crítica do texto produzido.

Condições de inscrição

Cláusula 1: A confirmação da inscrição da/o estudante se dará apenas após comprovação de pagamento via plataforma INTI.

Cláusula 2: A realização do curso se dará mediante a inscrição mínima de 10 pessoas. caso isso não ocorra, o IABsp irá restituir o valor das inscrições realizadas em até 30 (trinta) dias após o envio dos dados pela/o estudante.

Cláusula 3: São aplicadas a desistências as seguintes regras:

a) A desistência da/o estudante deverá ser formalizada mediante requerimento para o e-mail cursos@iabsp.org.br juntamente com o envio dos dados bancários e CPF.

b) Se a desistência ocorrer em até 24 (vinte quatro) horas de antecedência ao início do curso, o IABsp restituirá 80% do valor total do curso.

c) Iniciado o curso, não será mais possível fazer o cancelamento da inscrição, e o IABsp não irá restituir o valor pago.

Cláusula 4: O IABsp reserva o direito de cancelar ou adiar a realização dos cursos até a data marcada para o seu início, comunicando o fato à/ao estudante já inscrito. no caso de cancelamento, a/o estudante será reembolsado da importância paga no prazo de 15 (quinze) dias úteis a contar da comunicação do cancelamento do curso.

Cláusula 5: O IABsp não se responsabiliza por problemas técnicos de internet das/os inscritos. ao estudante cabe garantir uma boa conexão para acompanhamento das aulas.

Cláusula 6: Só poderão se inscrever maiores de 18 anos de idade.

Cláusula 7: Será concedido certificado digital de participação para os alunos que tiverem, no mínimo, 75% de presença nas aulas.

Cláusula 8: Ao enviar se inscrever a/o estudante concorda com as cláusulas apresentadas anteriormente.

Próximos cursos

Ainda não temos novos cursos marcados.