Arquivos Vivos: Memória, Território e Biodiversidade

Data: 18, 21, 25, 28 de agosto e 1 de setembro de 2025
Local: Plataforma: Zoom
Horário: 19h às 21h
Investimento: R$ 350,00 (público geral) – R$ 245,00
Formato: Online
Carga horária: 10h
Vagas: 25
Bolsas integrais: 2

Imagem: Laura Pappalardo

EMENTA:
Este curso propõe discutir a noção de “arquivos vivos” como ferramenta conceitual e prática para a preservação e ativação de memórias associadas à biodiversidade e às cosmopolíticas indígenas e afro-latino-americanas. Partimos da concepção de que o arquivo não se limita ao documento ou ao edifício, mas integra práticas, paisagens e organismos que constituem memórias coletivas. Nesse sentido, reconhecemos territórios e ecossistemas como suportes ontológicos de arquivos vivos, entendendo-os como sistemas dinâmicos, instáveis e interdependentes entre humanos e não-humanos. O curso articula reflexões sobre como práticas de memória podem contribuir para estratégias de preservação de florestas, reflorestamento de cidades e renaturalização de ecossistemas urbanos, alinhando-se aos eixos da Bienal: “Preservar as florestas e reflorestar as cidades” e “Conviver com as águas”. Por meio de estudos de caso, textos, imagens e experiências práticas, investigaremos como arquivos vivos resistem às lógicas coloniais, propondo alternativas para ativar memórias em diálogo com paisagens biodiversas. O percurso culminará na construção coletiva de um acervo de arquivos vivos, que evidencie formas não-hegemônicas de ver, guardar e cuidar da memória.

METODOLOGIA:
A metodologia articula três dimensões integradas: investigação teórica, experimentação prática e produção coletiva. Cada encontro será estruturado a partir da leitura e discussão de textos teóricos e estudos de caso que abordam a noção de arquivos vivos e sua relação com paisagens biodiversas e práticas culturais. Entre as aulas, os participantes realizarão excursões ou intervenções individuais no espaço urbano, com o objetivo de observar, registrar e refletir sobre manifestações de arquivos vivos na cidade. Esses registros (em formatos diversos como textos, imagens ou mapas) serão compartilhados nas sessões seguintes, estabelecendo conexões entre experiências subjetivas e os referenciais teóricos discutidos. Paralelamente, será conduzido um processo colaborativo de construção de um acervo que materialize as reflexões do grupo, utilizando suportes como mapas conceituais, cadernos de campo ou bancos de imagens. Ao final do curso, esse acervo constituirá um arquivo vivo coletivo, representando as múltiplas camadas de memória e biodiversidade identificadas no contexto urbano. A proposta metodológica visa promover uma aproximação crítica e sensível entre teoria, prática e ação, estimulando a produção de conhecimentos situados e comprometidos com a preservação de ecossistemas urbanos.

EIXOS TEMÁTICOS 14ª BIAsp:
– Preservar as florestas e reflorestar as cidades
– Conviver com as águas

30% DE DESCONTO PARA ASSOCIADO
*A compra poderá ser feita na modalidade “Ingressos – Associadas/os IABsp”. A compra será validada mediante comprovação da associação. Qualquer dúvida, escrever para: cursos@iabsp.org.br.

*Associadas(os) de outros estados, é necessário enviar o comprovante de quitação junto ao seu departamento para o e-mail cursos@iabsp.org.br.

10% DAS VAGAS PARA BOLSAS INTEGRAIS
Os pedidos de bolsa devem ser encaminhados até 11 de agosto, clique aqui para acessar o formulário.

Ministrante

Beatrice Perracini Padovan, Laura Pappalardo e Amanda Klajner

Laura Pappalardo é arquiteta e pesquisadora, doutoranda em Planejamento Urbano e Regional pela FAU-USP. Possui graduação em Arquitetura pela Escola da Cidade (2017) e mestrado em Desenho Ambiental pela Yale School of Architecture (2021). Colabora a agência de advocacia espacial Autônoma. Integra a plataforma de pesquisa-ação Chão Coletivo, composta por pesquisadores e arquitetos/construtores guarani e não indígenas. É co-fundadora da Colaborações por Justiça Territorial.

Beatrice Perracini Padovan é arquiteta e pesquisadora, formada pela Escola da Cidade (2020) e mestranda pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em História da Arquitetura e do Urbanismo, eixo Memória, Práticas e Representações (2024). Atua em projetos de arquitetura, mapeamentos e formas de visualização do ambiente construído de acordo com os interesses das comunidades por justiça social e ambiental. Pesquisadora do Chão Coletivo e do coletivo Ruinorama, é co-fundadora da CJT Colaborações por Justiça Territorial.

Amanda Klajner é arquiteta e pesquisadora formada pela Escola da Cidade (2023). É mestranda na Forensic Architecture da Universidade Goldsmiths de Londres (2025). Colabora como designer e pesquisadora na Agência Autônoma, uma iniciativa multidisciplinar que opera nas interseções entre design, mídia e direitos, utilizando ferramentas visuais e espaciais como instrumentos de justiça e reparação socioambiental.

Portfolio: https://drive.google.com/file/d/19gAxDFqw2UmbfNneCsI1eQlkUdORkFgU/view?usp=sharing

Site CJT: colabterritorial.com

Programação aula a aula

Aula 01 – Arquivos vivos: fundamentos conceituais e aproximação metodológica

Esta aula introdutória tem como objetivo a construção colaborativa de uma definição conceitual de “arquivos vivos”, compreendendo-os como entidades abertas, instáveis e indissociáveis dos territórios que os sustentam. A partir da leitura do texto “O poder do arquivo”, de Achille Mbembe, será discutida a inscrição da memória nas paisagens urbanas e rurais. Iniciaremos a formação de um acervo coletivo situado, com base nas experiências e nos contextos locais dos participantes.

Aula 02 – Arquivos e colonialidade: a tarefa do arquivista pós-colonial

Esta aula aborda os limites e as materialidades do que pode ser considerado arquivável, explorando o arquivo como uma potência, mas também como uma armadilha, em razão da persistência das formas coloniais de arquivamento. Serão discutidos textos de Elizabeth Povinelli. A aula contará com a participação de um convidado de coletivos que mobilizam e discutem formas de arquivos vivos em São Paulo.

Aula 03 – Arquivos e cosmopolítica: agências mais-que-humanas na produção da memória

Esta aula procura discutir a dimensão cosmopolítica dos arquivos, a partir das contribuições de Marisol de la Cadena e Nego Bispo. Serão debatidas as agências cosmológicas e territoriais na constituição dos arquivos vivos, incluindo florestas, árvores, rios, animais, rochas e outras entidades. Casos como o compartilhamento de sementes tradicionais de comunidades quilombolas e guarani mbya entre São Paulo e o Vale do Ribeira serão analisados, evidenciando modos pluriversais de produção e transmissão da memória por meio de práticas agrícolas e alimentares.

Aula 04 – Arquivos como emaranhados materiais: escutar, traduzir, interpretar

A partir dos aportes teóricos de Tim Ingold e Alyne Costa, esta aula investiga as interações criativas entre materiais, humanos e não-humanos na constituição dos arquivos vivos. A provocação As pedras escutam? (“Do rocks listen?”) de Elizabeth Povinelli orientará a reflexão sobre as capacidades de agência e expressão de artefatos. Serão analisados o percurso do Manto Tupinambá, concebido por Célia Tupinambá, e o documentário Dahomey (2024), como exemplos de arquivos materiais que interrogam e tensionam categorias e formas tradicionais de musealização de objetos.

Aula 05 – Arquivos e políticas da memória: disputa, patrimônio e preservação

Na aula de encerramento, serão discutidas as dimensões políticas dos arquivos vivos, a partir das histórias de árvores sagradas relatadas por Patricia Marinho De Carvalho e pelo povo Xavante da aldeia Buo’o, assim como pelas reflexões de Yussef Campos e Ailton Krenak. O debate se concentrará nas tensões entre vida, memória e política pública, considerando o patrimônio cultural como um campo de disputa. A sessão culminará na finalização do acervo coletivo de arquivos vivos elaborado ao longo do curso, sintetizando as trajetórias e aprendizados compartilhados.

Condições de inscrição

Cláusula 1: A confirmação da inscrição da/o estudante se dará apenas após comprovação de pagamento via plataforma INTI.

Cláusula 2: A realização do curso se dará mediante a inscrição mínima de 10 pessoas. caso isso não ocorra, o IABsp irá restituir o valor das inscrições realizadas em até 30 (trinta) dias após o envio dos dados pela/o estudante.

Cláusula 3: São aplicadas a desistências as seguintes regras:

a) A desistência da/o estudante deverá ser formalizada mediante requerimento para o e-mail cursos@iabsp.org.br juntamente com o envio dos dados bancários e CPF.

b) Se a desistência ocorrer em até 24 (vinte quatro) horas de antecedência ao início do curso, o IABsp restituirá 80% do valor total do curso.

c) Iniciado o curso, não será mais possível fazer o cancelamento da inscrição, e o IABsp não irá restituir o valor pago.

Cláusula 4: O IABsp reserva o direito de cancelar ou adiar a realização dos cursos até a data marcada para o seu início, comunicando o fato à/ao estudante já inscrito. no caso de cancelamento, a/o estudante será reembolsado da importância paga no prazo de 15 (quinze) dias úteis a contar da comunicação do cancelamento do curso.

Cláusula 5: O IABsp não se responsabiliza por problemas técnicos de internet das/os inscritos. ao estudante cabe garantir uma boa conexão para acompanhamento das aulas.

Cláusula 6: Só poderão se inscrever maiores de 18 anos de idade.

Cláusula 7: Será concedido certificado digital de participação para os alunos que tiverem, no mínimo, 75% de presença nas aulas.

Cláusula 8: Ao enviar se inscrever a/o estudante concorda com as cláusulas apresentadas anteriormente.

Próximos cursos

Ainda não temos novos cursos marcados.